sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu sou da época.

Eu sou da época das coisas boas. Da verdadeira infância. Da ingenuidade. Da pureza.

Eu sou da época em que ainda se soltava pipa, brincávamos de pique e de bonecos. Da época em que existia TV Colosso, desenhos eram bons e interativos e íamos dormir logo após a TV Cruj.

Eu sou da época do Doug Funnie. Dos óculos de papel 3D, que eram raridade. Do Timão e Pumba. Do Pooh e sua turma. Do Marsupilami. Da Barbie e do Ken.

Eu sou da época em que internet era algo extremamente raro de se usar. De quando as pessoas passavam mais tempo nas ruas, conversando com os vizinhos e vendo as crianças brincar do que preocupadas se tinham recebido scrap no orkut ou se sua “fazenda orkutiana” já tinha crescido.

Eu sou da época do “É o Tchan” que, antes disso, era GeraSamba. Do Molejo, do TerraSamba e do Netinho. Dos BackStreet Boys e das Spice Girls. Do Mamonas Assassinas. Da época das máquinas não-digitais onde não tinha como você saber como tinha saído na foto. Da época que rezava pra que o filme da máquina não tivesse queimado e você pudesse revelar as tão esperadas 36 fotos que você tinha tirado, o que agora, diante de tanta tecnologia, parece nada.

Eu sou da época do Cheetos de tubinho. Da época em que ficar de castigo era realmente ficar de castigo (e, geralmente, você se sentia mal por isso), e não tirar cartão de crédito, celular de uma criança e, ainda assim, não ensiná-la o que é certo e errado.

Eu sou da época do Chaves e do Chapolin. Da Chiquititas e O Diário de Daniela. Do Castelo Rá-Tim-Bum. Da época que celular era feito pra somente ligar e, no máximo, jogar o joguinho da cobrinha. Do filme “Lagoa Azul”.

Eu sou da época do Danoninho e do picolé de Danoninho. Da geléia de mocotó. Do Cavaleiros do Zodíaco. Das Tartarugas Ninjas. Do Super Nintendo. Dos joguinhos do Mário e do Yoshi. Dos verdadeiros Power Rangers.

Eu sou da época em que um jogo de futebol era pra torcer pelo seu time e não pra rolar briga. De quando existiam as molas coloridas pra se brincar na escada. De pular corda e cantar “Qual a cor da sua cueca/calcinha?”.

Eu sou da época do Teletubies. De quando os padres mandavam as crianças ajoelharem para rezar, não para prazer sexual. De quando brincava-se de bafo-bafo. Do videocassete e da vitrola. Das “10 fitas rebobinadas = 1 locação grátis - só para “filmes prata” que existia nas locadoras. Do Comandos em Ação.

Eu sou da época em que meninas de 12 anos brincavam de boneca e não de ser mãe. Da amarelinha. Do “Está no ar o comitê revolucionário ultra jovem”. Da época do Algodão Doce que vinha alguma máscara e os vendedores passavam fantasiados de algum personagem. Da época do ioiô. De quando o funk era calmo e não pervertido.

Eu sou da época da Família Dinossauro e do Fantástico Mundo de Bob. Do “Você decide”. Da cartolina, do papel crepom e da cola pra fazer “Feira de Ciências e Cultura”. Do ATL Hall. De quando a mãe dizia que formiga fazia bem pro cérebro e pros olhos. Da época boa de Sandy e Junior. Da pasta de dente Tandy.

Eu sou da época do Balão Mágico. De quando as crianças dormiam, no máximo, 9, 10 horas e tinham toque de recolher. Sou da época da Tiazinha e da Gretchen. Do Bananas de Pijamas. Da Floribella. Da vaca amarela. Da época em que Malhação era uma academia e não um colégio. Do Hércules e do 101 dálmatas. De brincar de elefantinho colorido.

Eu sou da época em que crianças acreditavam em papai noel, coelhinho da páscoa e fada dos dentes. De quando morríamos de medo de Merthiolate, porque ardia. Dos Smurfs. De quando salada mista era uma brincadeira pra realmente se arriscar, porque o máximo que podia acontecer era rolar um beijo o que, na época, era muita coisa.

Eu sou da época em que orientação sexual era algo levado a sério, e não uma modinha. Eu sou da época do Hakuna Matata. Do “Hoje à noite, aqui na selva, quem dorme é o leão”. Da época em que namoro de crianças era andar de mãos dadas e sentar um do lado do outro na sala.

Eu sou da época que as provas eram rodadas no mimiógrafo e vinham com cheirinho de álcool. Da “Pepê e Neném”. Dos Trapalhões. De Bambuluá e Estrela Guia. De quando existiam mochilas de bichinhos de pelúcia. Do Tiririca. Do Sérgio Malandro.

Eu sou da época que crianças eram crianças e não pré-adolescentes aos 8 anos. De quando os pais realmente cuidavam dos filhos, colocando-os pra dormir, cantando musiquinha e histórias antes de dormir e não, simplesmente, largando-os no mundo enquanto ainda precisam de proteção.

Eu sou da época em que água não era problema no mundo. De quando o aquecimento global não passava de uma especulação. Sou do pós-guerra fria. De quando os casamentos duravam. E da época que ainda acreditava-se que o amor vencia tudo.

Da época que éramos bem mais felizes e não sabíamos.

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