quarta-feira, 10 de abril de 2013

Fizeram acreditar...

Fizeram a gente acreditar que amor mesmo, amor pra valer, só acontece uma vez, geralmente antes dos 30 anos. Não nos contaram que amor não é acionado nem chega com hora marcada.
Fizeram a gente acreditar que cada um de nós é a metade de uma laranja, e que a vida só ganha sentido quando encontramos a outra metade. Não contaram que já nascemos inteiros, que ninguém em nossa vida merece carregar nas costas a responsabilidade de completar o que nos falta: a gente cresce através da gente mesmo. Se estivermos em boa companhia, é só mais agradável.
Fizeram a gente acreditar numa fórmula chamada "dois em um", duas pessoas pensando igual, agindo igual, que isso era que funcionava. Não nos contaram que isso tem nome: anulação. Que só sendo indivíduos com personalidade própria é que poderemos ter uma relação saudável.
Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas. Ah, nem contaram que ninguém vai contar. Cada um vai ter que descobrir sozinho. E aí, quando você estiver muito apaixonado por você mesmo, vai poder ser muito feliz e se apaixonar por alguém...


(Texto atribuído a John Lennon)

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Now Is Good

E a gente acha que tá fazendo tudo no caminho certo que, supostamente, queremos.
Um encontro, uma festa, um cinema, alguns amigos, ser lembrada, querer alguém, dançar por toda a noite, sentir a brisa do inverso e a calmaria do outono, nadar no anoitecer e se aquecer na fogueira, esperando pelo calor do verão e a beleza da primavera. Só tudo isso e mais um pouco.
Respira. Porque é na primavera onde tudo se encaixa, se renova e se vive. Viver é supostamente para ser isso, um ciclo - não círculo - de mudanças que não se sabe qual é o fim. E nem quando ele será. Tudo que sabemos é que deve-se apenas fazer valer à pena, ao seu modo. E é o que tentamos, a cada dia. Deixar nossa marca e o nosso pedacinho no mundo, como se a cada dia pixássemos uma parte do mundo com nossos nomes na tentativa de ninguém nos esquecer, mesmo quando nos formos.
A racionalidade, a culpa de consequências e imposições nos impede de fazer nossas próprias vontades, desejos e sonhos. Nos impede de nadar nus às 23 p.m. em pleno praia deserta, porque no dia seguinte espera-se que estejamos bem dispostos e não doentes para a reunião importantíssima às 7 a.m. Nos impede de gritar do mais alto ponto da ponte, porque definitivamente te chamarão de maluco e inconsequente. Impede cada um de viver os seus passos, pelos impasses da vida. E quando a gente pensa nisso, nos damos conta que as coisas de maior valor estão ao nosso redor e, com eles, a gente pode tudo. Deixá-los é difícil e podemos não ficar conhecidos no mundo, mas teremos a certeza que eles jamais nos esquecerão.
Por isso não deixe que o mundo dite até quando e como pode-se viver, apenas quem sabe disso é você.

...

"Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uam névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteira. Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enlou-cresça."

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

E assim vai sendo...

"Lá está ela, mais uma vez.
Não sei, não vou saber, não dá pra entender como ela não se cansa disso. Sabe que tudo acontece como um jogo, se é de azar ou de sorte, não dá para prever. Ou melhor, até se pode prever, mas ela dispensa.
Acredito que essa moça, no fundo, gosta dessas coisas. De se apaixonar, de se jogar num rio onde ela não sabe se consegue nadar. Ela não desiste e leva bóias. E se ela se afogar, se recupera.
Estranho é que ela já apanhou demais da vida. Essa moça tem relacionamentos estranhos, acho que ela está condicionada a ser uma pessoa substituta. E quem não é?
A gente sempre acha que é especial na vida de alguém, mas o que te garante que você não está somente servindo pra tapar buracos, servindo de curativo pras feridas antigas?

A moça...
Ela muito amou, ama, amará, e muito se machuca também. Porque amar também é isso, não? Dar o seu melhor pra curar outra pessoa de todos os golpes, até que ela fique bem e te deixe pra trás, fraco e sangrando. Daí você espera por alguém que venha te curar. Às vezes esse alguém aparece, outras vezes, não. E pra ela? Por quem ela espera?
E assim, aos poucos, ela se esquece dos socos, pontapés, golpes baixos que a vida lhe deu, lhe dará. A moça - que não era Capitu, mas também tem olhos de ressaca - levanta e segue em frente.
Não por ser forte, e sim pelo contrário... por saber que é fraca o bastante para não conseguir ter ódio no seu coração, na sua alma, na sua essência. E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."

CFA.