Nunca cheguei na vida a perceber a sua importância. Até hoje.
Como que do nada, peguei-me lembrando da gente. Mas, diferentemente, como num clarão, tudo se fez. A gente se encaixa, de algum modo, do nosso jeito. Somos diferentemente iguais, por mais estranho que possa parecer. Você assim, calado às vezes, risonho em outras, me fez ver o mundo com outro jeito: de que eu podia contar com alguém, de que eu podia precisar de alguém, porque, no fundo, todo mundo precisa. Não era errado e ainda não é. Não levamos nada dessa fase que se chama vida. Apenas aquilo que sentimos, lembramos e aqueles que estiveram conosco. E é só isso que importa. Mais do que palavras, dinheiro, futilidades... Sentimentos e alma, é tudo o que resta.
E foi desses nossos momentos que percebi o quão estranhamente importante você foi e ainda é na minha vida. Começou assim, devagar e, ainda assim, inesperado. Podia sentir a cumplicidade, as brincadeiras, os risos sinceros e os carinhos nunca antes trocados com qualquer outro. Éramos nós, cúmplices daquilo que fizemos de nós dois.
More than words. Pelo qual sempre acreditei, foi aquilo que você mais me mostrou. Não era preciso usar palavras se os olhos já diziam tudo aquilo que era necessário saber e, principalmente, sentir. Quando você deitava ao meu lado, eu sabia que estava segura, mesmo que por aquele curto momento entre a correria do dia-a-dia.
Poderia dizer que não conheci você no momento certo, mas isso seria uma ligeira mentira. Eu precisava de alguém naquele momento, e ninguém mais perfeito do que você. Porém estaria mentindo se não dissesse que você aqui, agora, seria bem melhor do que qualquer outro tempo da minha vida. Você me entenderia, me abraçaria e ao olhar nos seus olhos eu poderia sentir eles falando “Estou aqui e tudo vai ficar bem. Enfrentaremos isso juntos, porque você pode, nós podemos”. E então eu conseguiria perceber tudo aquilo que, antes de você, não existia na minha vida: cumplicidade, compaixão, sinceridade e um sentimento que ainda não há palavras pra saber o que é. E, por mais clichê que possa parecer, não arriscaria dizer que seja amor. É um misto de tantas emoções que tudo resulta na felicidade. Se isso é o que chamam de amor, então que seja isso.
Você entrou no meu coração sem avisar, colocando suas coisas espalhadas por ele, arrumando a cama e me convidando a me juntar a você. Não me entreguei totalmente, o que posso dizer que talvez tivesse sido o medo - medo daqueles sentimentos diferentes que senti, aquela paz que só você conseguiu me dar.
Tínhamos liberdade de conversar sobre qualquer coisa, desde os tipos de folhas caindo em um céu de outono até sobre os lugares por todo o mundo. Não era que nosso relacionamento não houvessem palavras, pelo contrário. A questão é que elas não precisavam ser ditas para que fossm compreendidas. Tudo estava nas entrelinhas, no não-dito, nos olhos, nos gestos, nos sentimentos que passávamos um ao outro.
E, assim como um silêncio começou, no silêncio as cortinas fecharam-se. Nada precisou ser dito, apenas compreendido. O tempo e a distância passaram e, como em um consenso, admitimos o que já tinha se instalado.
Não sei o porquê de escrever isso depois de um bom tempo. Mas é que não consigo deixar de notar o seu sorriso toda vez que nos encontramos, ou na minha confiança de quando você passa sua mão sobre a minha. Mudamos, isso é um fato. Mas aquela paz, aquela cumplicidade e aquele misto de sensações ainda persiste em nós dois. E a cada troca de olhares eu posso sentir o mesmo que você, mas, de alguma forma, algo impede.
Você é aquele que me mudou, mudou o meu modo de sentir, de perceber as coisas. Me tornou mais amável, carinhosa. Me trazia a paz, a cumplicidade, a paixão, o carinho e a vontade de querer só o bem.
Só sei que a cada momento que lembro dos seus olhos, dos seus sorrisos e do seu toque, eu posso diminuir a saudade e ter a certeza de que, depois de você, eu sou uma pessoa bem melhor. Se isso é o que chamam de alma gêmea, então aí está. Você é a minha.
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