segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ah, o tempo...

" Se você correr atrás da vida com sofreguidão demais, ela leva à morte. O tempo - quando perseguido como um bandido - se comporta como um bandido; está sempre uma fronteira ou uma sala na sua frente, mudando de nome e de cor de cabelo para enganar você, saindo pela porta dos fundos do hotel no mesmo instante em que você chega no lobby com seu mais recente mandado de busca, deixando apenas um cigarro aceso no cinzeiro como provocação.
Em determinado instante você precisa parar, porque ele não vai parar. Você precisa reconhecer que não vai pegá-lo. Que a idéia não é pegá-lo. Em determinado momento, você precisa relaxar, ficar sentado e deixar o contentamento vir até você.
Relaxar, obviamente, é uma empreitada assustadora para aqueles de nós que acreditam que o mundo só gira porque tem uma alavanca em cima que nós mesmos giramos e que, se largássemos essa alavanca por um instante que fosse, bem - seria o fim do universo.
Mas tente largar. No final das contas, os pássaros não despencam mortos do céu no meio do vôo. As árvores não murcham nem morrem, os rios não se enchem de sangue rubro. A vida continua. "

Trecho retirado do livro "Comer, Rezar, Amar".

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Sawabona, Shikoba.

"A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.
Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo e não a partir do outro.  Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. "
 
Retirado de um texto de "Sawabona Shikoba", expressão utilizada na África por algumas tribos.
Sawabona significa "Eu te respeito, eu te valorizo, você é importante pra mim". Em resposta, as pessoas dizem Shikoba que significa "Então eu existo pra você."

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Alma gêmea.

"As pessoas acham que a alma gêmea é o encaixe perfeito, e é isso que todo mundo quer. Mas a verdadeira alma gêmea é um espelho, a pessoa que mostra tudo que está prendendo você, a pessoa que chama a sua atenção para você mesmo para que você possa mudar a sua vida. Uma verdadeira alma gêmea é, provavelmente, a pessoa mais importante que você vai conhecer, porque elas derrubam as suas paredes e te acordam com um tapa. Mas viver com uma alma gêmea para sempre? Não. Dói demais. As almas gêmeas só entram na sua vida para revelar a você uma outra camada de você mesmo, e depois vão embora."

Trecho do livro "Comer, Rezar, Amar".

domingo, 7 de fevereiro de 2010

As doenças do coração.

Ah, a sutil e trágica diferença entre paixão e amor. Difícil de ser identificada, mas quando diagnosticada nos salva de muitas emboscadas.
Diria que ambas são como doenças, mas a doença do amor, ao contrário, nos faz querer melhorar.

O "te amo" dito tão brevemente, e ainda se dito precocemente, pode mudar - e muito - tudo.

O amor pode ser tão facilmente confundido com a paixão e, principalmente quando não bem-sucedido, ser chamado de dolorido, sofrido e ruim, entre tantos outros adjetivos. Mas, falando agora como uma otimista aquariana - e talvez romântica - incurável: o amor é algo sublime, supremo, que frente à tantas sobreposições, ainda assim, sobrevive com todo seu esplendor. Além disso, o amor não deve machucar, no máximo arranha. Ele só deve nos trazer coisas boas, sentimentos felizes e equilíbrio, ao contrário da paixão que, muitas vezes exaltada, nos torna impulsivos, fora de si, e diria malucos, talvez.
A paixão come nosso bom senso, tirando de nós aquilo que mais nos deixa em equilíbrio, a razão, fazendo com que a balança penda mais para um lado e desequilibre, e, portanto, conviver com isso torna-se difícil. Daí vem o sofrimento e a dor de querer algo, mesmo que aquilo lhe faça sofrer.

Mas, vai saber. Só sentindo e aparecendo os sintomas para diagnosticar qual doença se tem. E isso leva tempo...

Mas, relembrando, aqui só fala uma aquariana incurável que, mesmo ainda não sabendo se conheceu ou não o amor, pensa isso até que lhe provem o contrário.